Com surto da doença na Europa, turistas devem tomar cuidados. Recomendável é se imunizar um mês antes do embarque.
Especialistas dizem que o receio de efeitos colaterais de vacina contra sarampo é desnecessárioIvonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo |
A vacina – disponível gratuitamente no Brasil em qualquer posto de saúde – previne contra a doença, transmitida por secreções respiratórias expelidas por pessoas contaminadas. “Ainda existe aquela ideia de que os países europeus são destinos seguros em relação a quaisquer doenças, e que só estariam suscetíveis a problemas viajantes com destino à Índia, China ou África. É bom saber que a cobertura de vacinação para a população europeia ainda é muito deficitária”, explica o infectologista Jaime Rocha, do Frischmann Aisengart
Entre os países europeus, a França tem o maior número de registros da doença, com 4,9 mil casos de janeiro a março deste ano, praticamente o mesmo número registrado durante todo o ano passado. O surto também acontece na Espanha (Andaluzia), Suíça, Bélgica, Turquia e em países da Europa Oriental. “Os primeiros sintomas do sarampo se manifestam seis dias após o contágio e podem ser confundidos com uma gripe forte. Caso ocorra a infecção, é preciso se manter isolado, bem alimentado e hidratado”, alerta José Luiz Andrade Neto, infectologista e professor de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR).
munização
A vacina contra o sarampo é dada na infância, em duas doses: a primeira depois de 1 ano de idade e a segunda aos 4 anos. Caso o turista não saiba se já tomou as duas doses, é possível receber uma dose única da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba. “É importante que o turista tome a vacina pelo menos duas semanas antes da viagem, para que o organismo consiga formar os anticorpos, mas o ideal é tomar de um a dois meses antes do embarque”, afirma Andrade Neto.
Apesar do surto, a vacina contra sarampo não é obrigatória, como acontece com a dose contra a febre amarela em alguns países. A França não exige vacinação prévia dos visitantes, mas a imunização é recomendada pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). Taxistas e funcionários de hotéis e aeroportos também devem ser imunizados, por estarem mais expostos ao contágio. “A vacinação é importante para que o sarampo não seja importado, já que os casos registrados no Brasil nos últimos anos foram trazidos por brasileiros que retornaram com a doença”, explica Jaime Rocha.
Efeitos da vacina
Segundo os infectologistas, um ligeiro mal-estar pode ser sentido por alguns pacientes dias após a vacinação, mas este quadro não se desenvolve e o receio de efeitos colaterais é desnecessário. “Toda vacina pode causar alguma reação no organismo, mas ela é um meio seguro de proteção contra infecções e as reações adversas são raras”, reforça Andrade Neto. Nos postos da rede pública a vacina tríplice é fornecida gratuitamente. Já em laboratórios particulares, além de pagar pela proteção, é necessário apresentar prescrição médica para poder receber a dose.
Nem todas as pessoas estão aptas a receber a vacina: ela não pode ser aplicada em mulheres grávidas ou que queiram engravidar logo, por pessoas com alterações de imunidade, como portadores do vírus da aids, pacientes em quimioterapia e aqueles que utilizam medicação recomendada para transplantes. Quem já teve sarampo não corre o risco de ser infectado novamente, mas precisa ter certeza de que o diagnóstico não foi confundido com rubéola ou varicela. Isto pode ser feito por meio de um exame de sangue que identifica a sorologia para a doença.
Sintomas
Veja quais são os sinais do sarampo:
- Febre alta (38° C a 40° C)
- Gânglios
- Sensação de gripe forte
- Olhos vermelhos
- Manchas esbranquiçadas dentro da boca
- Manchas vermelhas que aparecem primeiro na cabeça e depois se espalham por todo o corpo
- A doença pode desencadear complicações graves como cegueira, infecção cerebral, diarreia, infecção do ouvido e pneumonia
R$ 52,80
é o preço médio da vacina tríplice viral em laboratórios particulares, enquanto a vacina exclusiva para sarampo custa R$ 110. Em ambos os casos, há a necessidade de se apresentar prescrição médica.
68 casos de sarampo
foram registrados em 2010, segundo dados do Ministério da Saúde. O recorde de infecções havia ocorrido em 2006, quando o país somou 57 casos. Parte dos casos foram “importados”, de brasileiros que retornaram ao país após viagens.
Serviço:
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disponibiliza informações sobre imunização de acordo com cada roteiro no site www.anvisa.gov.br/viajante/
Fonte:
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